O Fardo
Em meio a uma floresta encoberta por uma névoa densa, um homem caminha lentamente, atraído por uma presença que ele ainda não compreende. Sua mente está repleta de perguntas, e, ao mesmo tempo, um pressentimento de que está prestes a encontrar respostas profundas e transformadoras o invade.
O Encontro
O homem finalmente para ao ver, à sua frente, uma figura etérea e envolta em uma luz suave. É um ser de outra realidade, um enigma manifestado em forma quase humana, mas sua presença exala algo que vai além de qualquer compreensão terrena.
- Que fardo é esse que quer que eu carregue?
O homem quebra o silêncio com sua pergunta. Sua voz ecoa pela floresta, mas parece se dissipar rapidamente, como se a própria natureza estivesse ouvindo atentamente.
- De forma que entenda, não é algo que possa alcançar, obter, consumir ou conquistar. Você não o escolhe, você apenas nasce com ele. Por isso não te peço, mas espero que entenda que ele é seu.
O ser responde com uma voz calma, porém cheia de um peso invisível. A mensagem é transmitida com uma profundidade que ultrapassa as palavras, atingindo o homem no íntimo.
- Eu nasço com ele, sem escolha? Nem posso controlar... Porque devo acreditar que consigo aguentá-lo? O que me faria ser o escolhido?
O homem se questiona, suas palavras carregam a angústia de quem carrega um fardo desconhecido, invisível, mas que se faz sentir em cada pensamento e decisão. Ele busca respostas que acalmem sua mente, mas o silêncio do ser parece sugerir que certas respostas só serão obtidas com o tempo.
- Você entenderá, não agora, talvez demore anos... Mas você já fez tudo o que deveria, mesmo não sabendo como. Você já nasceu, viveu, morreu e, bom, vai te custar acreditar, mas você já nasceu de novo. Sua missão já foi cumprida diversas vezes.
Essas palavras ressoam na mente do homem como um eco ancestral. Ele sente uma conexão com algo maior, como se suas vidas passadas estivessem convergindo naquele momento, mostrando que sua existência transcende o presente.
- Quem sou eu?
O homem se volta para si mesmo. Ele não espera mais que o ser lhe dê uma resposta completa, mas ainda assim, a pergunta persiste. Ela vem da essência de quem ele é e de todas as suas jornadas, entrelaçadas e esquecidas.
- Você é (A resposta não foi audível).
As últimas palavras do ser são como um sussurro que se perde no vento. O homem sente que ouviu algo, mas não pode entender completamente. A resposta, de alguma forma, se encontra oculta dentro dele, aguardando o momento certo para se revelar.
Com um último olhar para o ser, o homem percebe que a jornada que ele pensava estar apenas começando é, na verdade, uma continuação de algo muito maior. Ele não sabe o que o futuro lhe reserva, mas entende que o fardo que carrega faz parte de um propósito antigo e profundo, que ele irá desvendar aos poucos, ao longo de vidas e de eras.