A ambição do pop destemido
Embora não saibamos a origem do Rei Martelo, muito menos da sua população de pregos, sabe-se que o Rei Martelo é autoritário e age com mão de ferro. Nenhum questionamento é tolerado, e seus súditos vivem sob o temor de suas palavras, que parecem sempre pender entre o sucesso ou a punição.
Em um dia calmo no reino, um pop prego decidiu se aproximar do trono. Ele caminhava hesitante, com seu corpo rígido, porém trêmulo, enquanto todos ao seu redor observavam, apreensivos. Ele havia se decidido a falar com o Rei Martelo e pedir algo que considerava essencial para o bem-estar do reino: melhorias na praça principal, um lugar que havia se deteriorado com o tempo.
Quando o pop prego se aproximou do trono, antes que pudesse falar, um guarda real se adiantou, com o rosto austero e voz trovejante:
"Quem ousa perturbar a majestade em sua calma? Se tem algo a dizer, melhor que seja de vida ou morte!"
O pop prego sentiu o suor frio escorrer enquanto gaguejava:
"S-Sou apenas um humilde pop... vim falar com o Rei Martelo para... para solicitar melhorias em nossa praça principal. O reino tem perdido turistas, e acredito que com alguns cuidados poderíamos atrair mais visitantes de alta renda, engrandecendo nosso lar."
O Rei Martelo, que até então estava imóvel, inclinou-se um pouco em seu trono, com um brilho penetrante nos olhos. Ele falou, com uma calma perigosa:
"Aqui, todos devem saber... há apenas dois caminhos: sucesso ou martelada. Você escolheu seu caminho, pop?"
O pop prego, sem compreender a mensagem velada por trás das palavras do Rei Martelo, fez uma reverência apressada e, com o coração acelerado, deixou o castelo. Ele sentiu que tinha feito o que pôde, e embora não tivesse recebido uma resposta concreta, acreditava que talvez seu pedido fosse considerado.
Alguns dias depois, em uma fiscalização de rotina, o mesmo guarda real avistou o pop sentado em um banco na praça. A praça estava imunda, cercada de poeira e detritos, com os bancos e as flores em estado lamentável. Ao ver o pop ali, aparentemente alheio ao estado do local, o guarda se aproximou com passos firmes e uma expressão de fúria.
"Você foi até o Rei Martelo e ousou pedir melhorias, mas a praça permanece imunda e sem vida! Ele confiou a responsabilidade a você, e é isso que faz com ela?"
O pop olhou para o guarda, confuso, e gaguejou:
"Mas... eu... eu pedi por melhorias, é verdade. Mas nunca recebi a responsabilidade de... de fazer isso eu mesmo. Pensei que o Rei tomaria providências..."
O guarda não esperou mais explicações. Com um movimento brusco, agarrou o pop pelo ombro e o arrastou em direção à carroça, ignorando os protestos do prego. O pop sentiu o peso da humilhação e do medo enquanto era levado de volta ao castelo. Em seu coração, uma sensação sombria começava a se instalar.
Ao chegar no salão principal, o pop viu o Rei Martelo preparando-se. Ele segurava um grande martelo e o batia contra uma chapa de aço com força, produzindo um eco metálico que reverberava por todo o castelo. Era uma visão intimidante e ameaçadora, como se estivesse prestes a aplicar sua justiça intransigente.
O Rei Martelo virou-se, seu olhar frio como o aço, e declarou:
"Há apenas duas escolhas para um prego: sucesso ou martelada. Qual será a sua, pop?"
O pop, agora mais amedrontado do que nunca, se obrigou a perguntar, numa voz trêmula:
"Majestade, o que quer dizer com isso? Sucesso ou martelada... nunca tive escolha nesse reino..."
O Rei Martelo respondeu apenas repetindo suas palavras, com uma frieza impenetrável:
"Sucesso ou martelada."
De repente, uma memória distante invadiu a mente do pop. Ele se lembrou de seu pai, um prego velho e torto, com uma expressão marcada pelo tempo. Lembrava-se de uma noite, há muito tempo, quando perguntou ao pai por que ele era tão torto e imperfeito. O pai apenas sorriu, com uma tristeza oculta, e disse:
"Nós, pregos, temos duas escolhas, meu filho: seremos bem-sucedidos ou levaremos a martelada do Rei."
O pop se deu conta, naquele instante, do ciclo cruel que o reino do Rei Martelo mantinha sobre todos os pregos. Um sistema de sucesso ou martelada, onde todos deveriam se curvar ou sofrer as consequências de suas tentativas de mudança. O peso da realização caiu sobre ele como o próprio martelo do Rei, deixando-o atordoado e em silêncio.
O pop, agora completamente ciente do destino reservado aos pregos que ousam pedir algo, baixou a cabeça em resignação, sabendo que seu destino estava selado entre o martelo e a impossibilidade de ser ouvido.
Ao fundo, o som do martelo ecoava, selando o destino de um reino onde sucesso ou martelada eram as únicas opções para um prego.